sexta-feira, 1 de julho de 2011

Seminário - parte escrita

A tecnologia e a terceira idade
Renata Albuquerque Osorio Mello*


A sociedade contemporânea vem passando por inúmeras mudanças em todas as áreas do conhecimento humano. Os impactos produzidos nos últimos tempos na sociedade através dos meios de comunicação altamente sofisticados como a Tv, satélites, internet, têm provocado uma profunda modificação no estilo de conduta, atitudes, costumes e tendências das populações mundiais, principalmente no Brasil.
Nessa “nova” dinâmica toda a população modifica-se também, uma vez que as tecnologias invadem as residências, os espaços escolares e os ambientes profissionais, criando assim uma interdependência dos seres humanos com as tecnologias. As gerações já nascem dentro dessa nova era com extrema intimidade e fascínio pelo universo dessas novas tecnologias que lhes são apresentadas, assim segundo Pretto, o analfabeto do futuro será o indivíduo que não souber decifrar a nova linguagem gerada pelos meios de comunicação.
Nesse contexto a “antiga geração” se ver em um mundo novo e incerto, conforme afirma a Profa. Dra. Vitória Kachar, em seu artigo disponível no site http://telecentros.saci.org.br/telecentros?IZUMI_SECAO=102&IZUMI_IDIOMA=pt-br&modulo=telecentro&parametro=10148:
Por outro lado, a geração de idosos de hoje tem revelado suas dificuldades em entender a nova linguagem e em lidar com os avanços tecnológicos até mesmo nas questões mais básicas como os eletrodomésticos, celulares, caixas eletrônicos instalados nos bancos. Conseqüentemente, aumenta o número de idosos iletrados em Informática, ou analfabetos digitais, em todas as áreas da sociedade.

Assim, essa nova era, trazem também novos “idosos”, que buscam se atualizar e acompanhar esse processo dinâmico e veloz da evolução das tecnologias. Vale ressaltar que essas novas tecnologias também evoluíram no campo da medicina (assim como em outros) fazendo com que a estimativa de vida dos habitantes aumentasse bastante, e praticamente dobrando o número de idosos atualmente. Entende-se por idosas, as pessoas acima de 60 anos. Mais uma vez ressalta Kachar:
Esse novo universo de relações, comunicações e trânsito de informações pode se tornar mais um elemento de exclusão para o idoso, tirando-lhe a oportunidade de participar do presente, marginalizando-o e exilando-o no tempo da geração anterior, relegando à função social de memória, de passado. Para inserir-se na sociedade tecnologizada precisa ter acesso à linguagem da Informática, dispondo dela para liberar-se do fardo de ser visto como um velho ultrapassado e descontextualizado do mundo atual.
A população idosa aumentou muito nos últimos tempos, gerando uma demanda por cursos direcionados para o ensino dos recursos básicos sobre o computador.

A principal razão que leva os idosos a procurarem cursos de informática, segundo a pesquisa realizada com o público da Universidade Aberta para a Maturidade da PUC de São Paulo que analisa o interesse da terceira idade em freqüentar as aulas do curso optativo de Introdução a Informática, é a necessidade de se atualizarem e se sentirem incluídos na sociedade, a  intimidade com os recursos eletrônicos torna-se o passaporte para modernidade, "obrigatório para os novos formatos de cidades e modelos de vida que estão sendo instaurados" (Côrte e Couto, 1999:10-11).
Surgindo essa nova demanda, o mercado econômico se ver com uma grande fonte de renda nas mãos e começa a se programar para este novo público. Não é a toa que muitos cursos de informática e até voltados a outras tecnologias, como celulares e Tv’s surgiram nos últimos 10 anos em todo o Brasil.
Em uma pesquisa nacional americana realizada entre 1994 e 1995 com americanos de 55 anos ou mais e divulgada no site www. seiniornet.com e postada no site http://telecentros.saci.org.br/telecentros?IZUMI_SECAO=102&IZUMI_IDIOMA=pt-br&modulo=telecentro&parametro=10148, traz alguns dados que podem ser considerados importantes para uma análise da relação da população de terceira idade com as tecnologias:
§         30% dos americanos entre 55 e 75 anos possuem computador;
§         Mais homens (38%) proprietários de computador que mulheres (23%);
§         Idosos com graduação (53%) e 2º grau incompleto (7%);
§         Dos que possuem computador, os idosos que trabalham (34%) estão em maior número do que os aposentados (27%);
§         40% dos homens aprenderam sozinhos, 21% aprenderam no trabalho,
maior número de mulheres 21% - tiveram aulas; homens - 11%; 18% das mulheres aprenderam com um amigo versus 11% dos homens.
A pesquisa também contemplou como são utilizados os computadores: 
  • 84% - escrever, processador de textos
  • 60% - jogar com games
  • 54% - gerenciar as finanças pessoais
  • 34% - arte gráfica
  • 31% - administrar os negócios em casa
  • 25% - comunicação on-line
  • 19% - pesquisa genealógica.
Esta pesquisa foi realizada a 16 anos, mas ainda é atual em relação ao Brasil, ainda que deva ser considerada a riqueza e a classe social de cada população. No caso do Brasil, esta analogia poderia ser feita com a classe média e alta da população. Na época da realização desse estudo chegou-se a sugestão de que em alguns anos “a penetração de computadores entre a população idosa seria indistinta da população geral e que a imagem dos indivíduos idosos resistentes ao computador teria se transformado” (Adler, 1996, citado em Kachar), e isso pode ser percebido na atualidade, com alguns recortes no status social dessa população.
Vários outros estudos estão sendo feitos com essa temática, principalmente em como a terceira idade aprende as novas tecnologias, destacando-se alguns pontos importantes:
  • as pesquisas sobre idosos e computadores ainda são iniciais;
  • instrução assistida por computador é bem aceita pelos idosos;
  • idosos apresentam muitas razões para aprender as novas tecnologias;
  • idosos apresentam dificuldades específicas para aprender.
Essas dificuldades são superadas, utilizando-se algumas estratégias específicas, como:
  • seguir etapas gradativas de aprendizagem;
  • auxílio na medida da necessidade;
  • seguir no próprio ritmo;
  • freqüentes paradas;
  • boa iluminação;
  • caracteres e fontes grandes;
  • classes pequenas;
  • mais tempo para a execução das tarefas e repetição delas.
Outras técnicas também são utilizadas para que essa aprendizagem seja satisfatória:
·         ter outros idosos para ajudar;
·         pedir aos idosos que escrevam e avaliem o currículo;
·         utilizar as experiências de vida dos idosos;
·         preparar material de apoio com caracteres grandes e fortes;
·         manter um ritmo lento e aberto para a troca.
Nesse novo mundo virtual, alguns sites ajudam, por terem sidos desenvolvidos com a finalidade de auxiliar a terceira idade com as novas tecnologias (principalmente em relação à informática) e com outros assuntos que levantam a auto-estima e inserem esses idosos no novo panorama social:
            A terceira idade é uma época específica da vida em que há enormes mudanças, tanto físicas quanto psicológicas, mas com uma vantagem, a serenidade e a maturidade necessária para o acompanhamento dessas mudanças. O que se percebe pelas pesquisas relatadas foi que o maior interesse desse público com as novas tecnologias é a interação social. Sendo assim, o contato com as tecnologias pode trazer um enorme bem estar para a terceira idade, já que irá proporcionar muito mais do que um novo aprendizado, uma relação de troca com outras pessoas e com o meio em que vivem, e isso é um benefício para este público incalculável.

Referências:

·        Portal da família. Terceira Idade mostra que tecnologia não é exclusividade da juventude. Disponível: http://www.portaldafamilia.org.br/artigos/artigo015.shtml. Acesso em: 29 junho 2011.


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